quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Do fundo do baú

 Eu tenho um baú onde guardo várias lembranças, fotos e também textos que eu escrevi em momentos diversos. Vira e mexe eu tenho momentos de inspiração e desato a escrever, depois eu pego o texto e guardo em qualquer lugar. O mais legal é relê-los depois de um bom tempo, quando eu já nem lembrava mais que tinha os escrito.
 Pois hoje eu tive uma dessas boas surpresas e achei um texto meu muito antigo que estava dentro de um livro que eu não consegui nem começar a ler. Como eu acredito que os alguns livros tem momentos certos na nossa vida para serem lidos, eu acabei desistindo dele logo nas primeiras páginas e por coincidência guardei esse texto dentro dele. Hoje eu olhando a minha prateleira para escolher um livro lembrei desse livro e resolvi dar uma chance a ele. E com o que eu me deparo? Com esse texto (escrito por mim, só Deus sabe quando):
"Olho a minha parede e ela está vazia como a minha vida. Não diria vazia de lembranças, estas tenho muitas que faço questão de me lembrar constantemente com fotos que ostento aos montes em minhas paredes para não esquecer que tive bons momentos. Porém a parede que olho está vazia, não de objetos materiais ou fotos, mas de alegria, sonhos esperanças. Onde eles teriam parado?
Olho a parede e sinto como se ela espelhasse minha alma. Sou um pássaro que possui imensas asas, tão grandes que as grades da minha gaiola não só me prendem como também apertam minhas asas e me sufocam aqui.
Preciso sair! Tenho que me livrar dessas paredes sem vida, antes que elas me convertam, como já fizeram com tantos que eram como eu, pássaros com grandes asas, que desistiram de voar e acabaram esquecendo de quem são e do tão alto que podem ir."
E qual não é minha surpresa quando percebo que não é apenas um, como dois textos na mesma folha.
O outro diz assim:
"Ah, a precupação com os deveres e as obrigações. Há algo mais castrador, no seu sentido mais próximo do literal do que as responsabilidades?
Quantos ´picassos` não estão por aí escondidos suando para ganhar o pão de cada dia? Quantos ´Einsteins` não levantam cedo todos os dias e descobrem novas leis da metafísica no caminho ao trabalho? A mente precisa de liberdade para criar.
Se algo os gênios (conhecidos) tem em comum foi a coragem ou a sorte de não terem que se preocupar com obrigações e deveres.
Deus abençõe os desocupados! Não serão eles gênios incompreendidos?"

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